A CIÊNCIA AINDA APRENDE COM AS CÉLULAS


Há uma dúvida bastante comum entre pessoas que desconhecem o potencial das células-tronco adultas e embrionárias: se as pesquisas avançam no uso de células-tronco adultas, não seria possível substituir as pesquisas com células embrionárias, aprovadas este ano pelo Supremo Tribunal Federal (STF)?

A resposta entre os cientistas é unânime: as células-tronco de embriões têm muito mais a ensinar para pesquisadores. A geneticista Mayara Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo, em entrevista para a revista Veja (edição 2058 - ano 41 - número 17), disse que a pesquisa com células-tronco adultas não substitui os estudos com células-tronco embrionárias. Na verdade, os dois estudos se complementam.

O fascínio que as células-tronco embrionárias (CTE) causam aos cientistas é justificado pelo fato de elas serem as primeiras células de todas, por saberem como formar os cerca de 200 tipos diferentes de tecido, e por serem capazes de se dividir com uma capacidade fantástica. "Nenhuma célula adulta consegue se dividir com tamanha capacidade, por isso, ela é chamada por alguns pesquisadores de célula imortal", salienta Zatz.

Para Patrícia Pranke, professora e pesquisadora do programa de pós-graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), também concorda que os cientistas têm muito a aprender com as células-tronco embrionárias e de que elas ainda trarão novas descobertas sobre a maneira como agem no organismo.

Origem

As células-tronco embrionárias levam esse nome pelo fato de serem originadas no chamado "estágio de blastocisto do embrião" (quando o aglomerado de células atinge o número de 64 e começa a formar a cavidade central) e são, normalmente, retiradas de embriões gerados em clínicas de fertilização, doados pelos clientes para a pesquisa com fins terapêuticos.

Patrícia Pranke explica que blastocisto corresponde às células entre o quarto e o quinto dia após a fecundação, mas antes ainda da implantação no útero, que ocorre a partir do sexto dia. Assim, o material usado na pesquisa é obtido antes da fase propriamente embrionária, que os pesquisadores chamam de "gástrula".

Outro aspecto importante das células tronco embrionárias é que elas possuem muita plasticidade, isto é, podem se transformar em praticamente qualquer célula do corpo, com exceção da placenta. O que é impossível no caso das células-tronco adultas, que mesmo estando presentes na maior parte dos tecidos, só se transformam em células de tecidos simples, como os músculos, ossos, cartilagem e gordura.

Segundo Antonio Carlos Campos de Carvalho, professor de fisiologia e biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no artigo "Célula-tronco é promessa para medicina do futuro" (http://www.comciencia.br/reportagens/celulas/09.shtml), apesar de estudadas desde o século 19, há apenas 20 anos os pesquisadores conseguiram cultivar em laboratório células retiradas da massa interna de blastocistos de camundongos. Essas células, conhecidas como ES, podem se proliferar indefinidamente in vitro sem se diferenciar, mas também podem ser modificadas, se forem alteradas as condições de cultivo.

Saber de que forma estas células atuam em cada órgão e aprender o mecanismo que as faz se tornarem diferentes é o que os cientistas buscam para, no futuro, poderem fazer uso das CTE em terapias. Por enquanto, os pesquisadores sabem que, mesmo com as pesquisas com células-tronco de embriões humanos, a ciência ainda levará um tempo para poder testá-las nas pessoas.

Apesar do potencial que vislumbram, os cientistas alertam para o uso de pesquisas com CTE em humanos. Estudos revelam que elas apresentam perigos à saúde do homem e, por isso, ainda não são utilizadas em pesquisas clínicas com seres humanos. Em animais, células-tronco embrionárias, após inseridas em determinados órgãos, geraram tumores malignos. Isso se deve ao fato de que o mecanismo de controle para que células de embriões se transformem em células especializadas adultas ainda é desconhecido. Em outras palavras, a capacidade de divisão das CTE com a falta de domínio dos cientistas em manipulá-las, podem resultar no desenvolvimento dos chamados "teratomas", uma espécie de tumor benigno. "Por esse motivo não se deve colocar uma CTE em um órgão de um paciente e o expor ao risco de formar um teratoma, nem que esse risco seja de 1%", ressalta Patrícia. Como os testes em animais ainda não foram concluídos, não se tem conhecimento exato dos resultados. "Temos que aprender a controlar as células-tronco embrionárias em experimentos com animais para só então passar para os testes com humanos".

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